"A beleza da magia do Natal", de Ana Maria Guerra Machado

Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 8. Patrono: Benedito Machado Homem


A BELEZA DA MAGIA DO NATAL

Aos amigos André Alves e Samuel Fidelis


O Natal é a época do ano em que tudo parece ter um toque especial, quase mágico. Desde o instante em que dezembro começa, a atmosfera se transforma. Há algo nas luzes que enfeitam as ruas, nos aromas que invadem as cozinhas, no brilho dos enfeites pendurados com tanto cuidado. Para mim, o Natal sempre foi mais do que uma data; é uma sensação que envolve o coração e transforma os momentos mais simples do cotidiano em experiências cheias de significado.

Todos os anos, a magia começa cedo, no primeiro dia de dezembro, quando inauguro minha tradicional maratona de filmes natalinos. Assistir a pelo menos dois filmes de Natal, por dia, não é apenas uma diversão, mas uma forma de me conectar com o espírito dessa época. Cada história traz mensagens de esperança, generosidade e superação, que parecem ecoar no meu próprio coração. Enquanto assisto, é impossível não me emocionar com os pequenos milagres que as narrativas retratam e não comparar com os “milagres diários” que vivemos, mas nem sempre reconhecemos.

Minha relação com o Natal tem raízes profundas na minha história. Nasci nessa data tão cheia de significados, e talvez por isso sempre tenha sentido uma conexão especial com essa celebração. Cresci em uma casa onde o Natal era aguardado com ansiedade e planejado nos mínimos detalhes. Mamãe fazia questão de envolver todos nós nos preparativos. Lembro-me das tardes ajudando-a a montar o presépio, que era sempre o ponto alto da decoração. Cada peça tinha um lugar exato, e o perfume das mangas rosas maduras misturava-se ao aroma do incenso, criando um ambiente único. Até os castiçais e os lustres da casa ganhavam enfeites especiais, e o cuidado com cada detalhe transformava nossa casa em um pequeno santuário de Natal.

Essas memórias vêm à tona em pequenos momentos do dia a dia. Quando vejo as vitrines enfeitadas ou escuto uma música natalina no rádio, sou transportada de volta àqueles dias de infância. O Natal não está apenas no dia 25, mas em cada instante em que escolhemos enxergar beleza e bondade ao nosso redor. Quando acendo uma vela, lembro dos castiçais da casa de mamãe. Quando preparo um café para alguém querido, vejo ali uma oportunidade de criar conexão, assim como as ceias de Natal faziam com toda a família reunida, na casa dos Dolabela, minha família escolhida como parte de meu coração.

Este ano, porém, o Natal traz um significado ainda mais profundo. Encerro um ciclo que marcou profundamente a minha vida adulta. Foram anos de desafios, sim, mas também de conquistas extraordinárias. Cada obstáculo vencido foi uma prova da competência em equipe, que eu ainda não conhecia. E agora, ao olhar para trás, vejo que o que realmente ficará são as emoções que vivi, os laços que construí e as lições que aprendi.

Durante a missa de Natal, meu coração estará cheio de gratidão. Preciso agradecer a Deus por tantas bênçãos, mas especialmente por duas pessoas que marcam profundamente estes ciclos. Uma delas é aquele que acreditou em mim de forma incondicional, dando-me a chance de mostrar meu potencial em uma oportunidade que transformou minha trajetória. A outra é um amigo que me trouxe para perto dele e me abriu as portas para um novo capítulo, que estou iniciando, repleto de desafios que já me enchem de entusiasmo.

Esses agradecimentos não são apenas sobre o trabalho ou as conquistas, mas sobre o Natal que eles representam. Essas pessoas simbolizam para mim o que há de mais puro no espírito natalino: a generosidade, a confiança no outro e a capacidade de enxergar o potencial onde poucos veem. Assim como o Natal celebra o nascimento, esses encontros na minha vida representam renascimentos — novas oportunidades para crescer, aprender e viver com propósito.

Enquanto preparo minha casa para o Natal, sinto que cada detalhe é carregado de simbolismo. A luz das velas me lembra de que mesmo nos momentos mais difíceis, há sempre uma chama que não se apaga. As cores vivas dos enfeites são um reflexo da alegria que podemos cultivar todos os dias. E os filmes que assisto com tanto gosto são um lembrete de que as histórias de redenção e amor não estão apenas na ficção, mas em cada escolha que fazemos de ser melhores e de ajudar o outro.

Que este Natal seja, para todos nós, uma oportunidade de olhar para os nossos momentos cotidianos com os olhos do coração. Que possamos reconhecer o milagre nas pequenas coisas: no sorriso de quem amamos, na simplicidade de um gesto gentil, na capacidade de nos emocionarmos com as coisas mais simples. E que, como as histórias de Natal nos ensinam, possamos também ser instrumentos de transformação, trazendo luz, amor e esperança para o mundo à nossa volta.

O Natal, para mim, sempre será essa combinação perfeita de memória, gratidão e expectativa. É o tempo de celebrar o que foi e o que será, de agradecer pelos ciclos que se encerram e se preparar para os que estão por vir. E, acima de tudo, é o tempo de acreditar que, assim como na noite de Natal, a luz sempre vence a escuridão. Que essa magia nos acompanhe todos os dias do ano.


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Comentários

  1. Coisa linda, Ana. Se vc. Não continuar bombando na secretaria de cultura, vou morrer de preocupação.Viva a filha de minha eterna professora,!!! Luiz Alves

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  2. Amo o Natal! Lembrei dos preparativos da minha querida mãezinha!!!

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  3. Sinto o mesmo que você, amada! Filmes, preparativos, memórias. Amo seus textos, sua emoção e seu talento. Prazer em ser sua amiga. Feliz Natal, meu bem!
    Selma

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  4. Delicia de ler e sentir, querida! O cheiro de manga, era um clássico nos presépios. Eu já tinha me esquecido deste detalhe (delicioso). Não sei exatamente quais foram estas vivências relatadas, mas independente de qualquer coisa, você é foda, agrega, reúne, alegra a todos que estão próximos. Amo-te! Beijo. Cacau

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  5. Muito bom ! Ler seu texto nos faz refletir sobre nossa própria preparação e sobre essa data tão significativa e especial para todos nós!... Abraços Mirtes

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