CONTRIBUIÇÕES IMORTAIS: "Nós, seres humanos, parte integrante do Meio Ambiente", texto educacional de Cláudia Guimarães Costa


NÓS, SERES HUMANOS, PARTE INTEGRANTE DO MEIO AMBIENTE

CLÁUDIA GUIMARÃES COSTA
Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 13. Patrono: Hélio Costa


Muitos de nós não nos consideramos parte do Meio Ambiente, mas somos! Por diversas vezes, sequer paramos para analisar como as coisas funcionam, como chegamos até aqui e o que poderá acontecer conosco daqui a alguns (poucos) anos.

Por isso, decidi escrever um pouco sobre o quanto estamos conectados e o quanto somos dependentes da manutenção e do funcionamento adequado do meio ambiente e de seus sistemas.

Um exemplo claro que, rapidamente, nos auxilia a entender nossa dependência é a nossa necessidade vital de respirar. Sim, o ar, cheio de oxigênio, nos mantem vivos. Não só nós, seres humanos, mas quase todos os organismos dependem do oxigênio para sobreviver. Temos importantes aliados nesse processo, pois, por mais que não nos importemos com nossas atividades e seus impactos na qualidade do ar, as plantas e as algas exercem um papel importantíssimo no processo de retirada de gases poluentes da atmosfera e os transformam em oxigênio. Entretanto, esse “serviço” executado por elas tem limites.

Aproveitando o ensejo de estar citando os vegetais, chamo a atenção aqui para mais um sinal da nossa relação e interdependência com o Meio Ambiente. Recentemente, a cidade de Sabará foi acometida por uma enchente como há muito não vista. Muitos locais, antes nunca afetados, foram devastados pelas águas dos rios Sabará e das Velhas.

Partindo-se desse evento, convido a todos a pensar antes de atribuirmos culpa ao excesso de chuva ou do volume de água após a abertura de comportas. Eu peço que cada um faça a sua análise pessoal e individual do que pode ser feito para minimizar esses incidentes e os riscos de novas enchentes.

Peço, mais uma vez, que todos passem a observar como estão nossas montanhas (morros, vales). Ao passar pela estrada que dá acesso à nossa cidade, observem o que aconteceu com essas áreas em um período de aproximadamente cinco a dez anos. Convido mais uma vez a um resgate na memória. Vocês se lembram de como eram as margens dos rios Sabará e das Velhas? Eu me lembro de ver, mesmo que modesta, a vegetação. Eu me lembro, inclusive, de um projeto de recuperação da mata ciliar, essa vegetação que protege as margens dos rios, que auxilia na retenção e diminui a velocidade da água, das chuvas, das ruas, das casas.

Hoje, ao olharmos para as margens desses dois rios, não veremos nada além de lama e do que restou do que eles, furiosos, carregaram pelo seu leito.

É importante que tenhamos consciência de que somos parte integrante de tudo isso. O volume das chuvas aumentou? Sim, há muitos anos não chove como choveu em 2020. Portanto, vários fatores contribuem para que as enchentes aconteçam. A ocupação desordenada de áreas de encosta ou topo de montanha é uma armadilha! Além do perigo de desabamento, o solo é carreado para os rios, levando ao que conhecemos como assoreamento.

O assoreamento dos rios faz com as características de seu leito mudem, além de alterar sua profundidade. E, em tempos de chuva, quando cheio, a chance de que o rio transborde é bem maior. A vegetação ciliar protege contra o desmoronamento das margens, funciona como abrigo à fauna e fornece energia e nutrientes para o ecossistema aquático.

Outro problema, muito sério, e muitas vezes desconsiderado por boa parte da população, é o descarte incorreto do lixo. Além de ser visualmente impactante, o lixo jogado nas ruas, ou mantido de forma inadequada em calçadas, pode entupir bocas de lobo e contribuir para que as enchentes aconteçam. O lixo é um problema mundial. Portanto, em outras sociedades, muitas alternativas sustentáveis são utilizadas, seja estimulando a redução do consumo, seja investindo em reciclagem, ou produzindo produtos biodegradáveis, etc. De uma maneira geral, a população brasileira pode ser considerada muito mal educada; a maior parte da população não se preocupa com o descarte correto do lixo.

Escrevo esse texto como um convite a pensar. Pensar no nosso futuro, no nosso planeta, nos nossos filhos. Cabe a cada um de nós repensarmos nossas atitudes e comportamentos, sempre tendo em mente que somos parte desse processo, dessa rede intrincada de relações ambientais que melhoram e viabilizam a nossa sobrevivência.

Precisamos agir como parceiros e parte integrante da natureza e do meio ambiente, para que as consequências de nossas atitudes não resultem em eventos catastróficos, como os vivenciados por nós recentemente. Se cada um de nós agirmos de forma adequada e consciente, a nossa casa comum retribuirá da mesma maneira.

Claudia Guimarães Costa
Bióloga


Foto: Lilian Afonso

Comentários

  1. Texto lindo! Um convite que demanda urgência de adesão de toda a humanidade. Eu e Zé Alves,cantamos em uma de nossas canções: "inseto na teia, na dança da ceia, esperando seu algoz. Se não preservarmos, a vez de dançarmos, vai chegar pra todos nós". Parabéns, Cláudia!

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    1. Chegou querida Isabel Cristina, a mais bela menina! Estamos todos sendo corrigidos, tomara aprendamos a lição,Amiga!

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    2. Exatamente! Cada um fazendo o que pode,como pode. O início de todo o processo!!

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  2. Sim,querida, somos parte integrante do meio ambiente, precisamos cuidar dele com mais respeito e amor!!!! Parabéns pelo alerta! A Terra eh nossa Mãe e cuida de nós! Cuidemos,pois dela!

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  3. A visão de mundo só será positiva se cada casa for um espaço de respeito às leis que regem a vida natural. Lições para reavaliação de cada atitude pessoal. Assim "... A nossa casa retribuirá da mesma maneira." Parabéns, Cláudia, pela lucidez e pela exposição didática de uma situação séria e tão atual!
    - Alzira Umbelino

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  4. Cacau, se me permite!?
    Pensei ter comentado seu texto tão lúcido e impactante!!!! Parabéns! Sei que somos células do todo! Façamos a nossa parte,querida! Cuidemos do meio ambiente e da nossa nave mãe Terra,antes que seja tarde!!!!!

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