CONTRIBUIÇÕES IMORTAIS: "Oxalá, Arqueologia para educar!", texto de Graziela Armelao Jácome Rosa

 OXALÁ, ARQUEOLOGIA PARA EDUCAR!

GRAZIELA ARMELAO JÁCOME ROSA

Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 11. Patrono: Gilberto Madeira Peixoto

Existem instrumentos poderosos para se educar. Para o momento, sugiro a Arqueologia. Primeiro, por enxergar variadas culturas pelo prisma da cultura material; segundo, por ser uma disciplina científica que pode contribuir para o abrolhar dos interesses dos alunos pela Ciência, fundamentando o desenvolvimento do espírito crítico sobre a realidade à sua volta.

Pensar a Arqueologia como disciplina presente em projetos de natureza interdisciplinar pode despertar nos alunos o olhar investigativo, levando essa área do conhecimento a ser um veículo para a aprendizagem de muitos outros conteúdos. Afinal, ela tem interfaces interessantes com a História, a Biologia, a Geografia, as Artes, a Física, a Química, a Matemática, as Línguas! Todas podem ser vistas pelo olhar da Arqueologia. Basta, para tal, o aguçar da curiosidade, e mesmo criatividade, para o processo “ensino-aprendizagem”.

A Arqueologia pode suscitar o contentamento pela descoberta de um passado, despertando um prazer quase que contagiante pelos “achados”, pela “ciência da observação”! You see no more than me, but I have trained myself to notice what is see, diria Sherlock Holmes no livro The case book of Sherlock Holmes, do autor Sir Arthur Conan Doyle, p. 36, ano 1992. E é essa a verdade da Arqueologia: ver a mais o que na maior parte das vezes se consegue enxergar. A “ciência da observação” a que se refere Sherlock Holmes e a que se atreve a fazer analogia à Arqueologia é, na verdade, um Método Indiciário, uma maneira de analisar pormenores mais passíveis de negligências, ou seja, enxergar a mais onde normalmente o esforço em ver seria menor! Por isso a investigação via cultura material é tão fascinante para os especialistas e tão curiosa para os leigos!

Pois bem, a fascinação, portanto, pode ser aproveitada na tessitura de projetos de cunho educativo, exteriorizando capacidades intelectuais nos alunos, retirando dos mesmos o muito que eles têm para expressar, quando estimulados. Ora, isso pode significar que o ato de descobrir aproxima: sujeito e objeto; isso é verdadeiramente a fórmula do agente ativo em seu processo educativo! E isso faz todo o sentido! Os alunos passarão a pensar nas atividades não somente como um fim, mas antes como a construção de meios para alcançar o que se quer descobrir, pesquisar, observar e mesmo concluir.

Parece que se tem aqui uma ampliação da experiência cognitiva via processos de observação, análise e mesmo reflexão para o nortear de um próximo e novo portar-se. Assim, a Arqueologia poderá vir a ser uma valiosa ferramenta didática na escola. E, partindo dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCN), será possível encontrar ressonância para o ensino da Arqueologia como ferramenta didática. Isso apartaria uma forte tendência atual em adequar os currículos às demandas somente do mundo econômico, o que traz um lamento em torno da desvalorização dos alunos como agentes ativos na construção de sua realidade, tornando-os, somente, consumidores!

Tem-se, contudo, um problema: serão necessárias metodologias e LIVROS! Sim, livros didáticos que contenham histórias gerais e específicas no campo arqueológico das regiões em que esses alunos estão inseridos. E, se Dissertações, Teses e Artigos Científicos são importantes, a criação de livros para os fins mencionados o são do mesmo modo! Logo, há que se pensar acerca disso.

Perguntar-se-ão os motivos pelos quais as linhas se direcionaram para a temática. Bem, Sabará é herdeira de muitas e possíveis análises de “culturas materiais” e tem potencial para trabalhar de maneira criativa suas curiosidades epistemológicas com seus alunos, tornando-os sujeitos construtivos de sua história, de seu mundo.

Portanto, está-se diante de duas questões: primeiro, como produzir os conteúdos didáticos levando em consideração que eles têm como função original o fornecimento de conhecimento e informação para o que se precisa e, principalmente, são ferramentas de “libertação”, embora em alguns casos possam ser usados para o contrário? De toda maneira, é preciso o esforço vigoroso a fim de os estudos sobre a Pré-História Brasileira serem honrados no cenário de nossa casa, diga-se, nação! E, para tal, é necessário que a Arqueologia seja resgatada, estudada, ensinada, vivenciada como parte viva das pesquisas e, no caso de Sabará, como parte de sua mineiridade. Segundo, tem-se o que mais apetece para o momento: levar Educação Patrimonial para as escolas a partir dos elementos com que se tem contato... afinal, tem-se, para a “ordem do dia”, que Sabará vive um momento no qual estudos em torno de alguns de seus bens materiais tombados têm trazido a bela chance de um aprendizado, no caso arqueológico, que merece atenção não somente de especialistas, todavia, de igual modo, de futuros “Sherlock Holmes” que poderão descobrir características culturais, portanto antropológicas, em sua Sabará. Ou seja, sem sair de casa, vendo o túnel do tempo a partir de “culturas materiais” sabarenses, aguçando o espírito de pesquisadores e, Oxalá, fazendo da Arqueologia um instrumento para educar!


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Comentários

  1. Uau... Boa ideia, professora Grazi! Parabéns pela excelente argumentação acerca dessa nova perspectiva para a educação em Sabará! Forte abraço, Glaura

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  2. Well done Tiita! Sucesso em seus empreendimentos! Loviu
    Alessandra Tota Leleco

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  3. A Educação patrimonial é apaixonante!... Abraços Mirtes Chagas

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  4. Parabéns Grazi pela iniciativa. Incentivadora de pessoas! Sucesso nessa sua inovação. A história de um povo, lugar são fundamentais para que se construir um futuro melhor!

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  5. Muito obrigada por esta contribuição!
    A Educação Patrimonial faz parte do Currículo a ser trabalhado nas Escolas e torna-se imprescindível para que os cidadãos conheçam, reconheçam e valorizem a sua cultura...

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  6. Parabéns pelo texto!! A Arqueologia é um deleite para os curiosos... Uma bela propaganda para mergulhar nesse mar de conhecimentos!

    Danilo Roberto Couto Vieira

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