CONTRIBUIÇÕES IMORTAIS: "Reflexões: pensatas didáticas e funcionais", texto de Mirtes Chagas e Souza
REFLEXÕES: PENSATAS DIDÁTICAS E FUNCIONAIS
MIRTES CHAGAS E SOUZA
Membro-fundador da Academia de Ciências
e Letras de Sabará
Cadeira 24. Patrono: Pedro Lúcio Pereira
Tudo mudou! Surgiram novas demandas, novas exigências e novos desafios para a Educação, para a Escola, para as famílias e para os Professores!
Paralelamente, em meio à crise mundial da saúde e a todas as consequências políticas, sociais e econômicas, nos deparamos com um contexto de ataques à soberania nacional ao estado democrático de direitos com cortes na Educação, na saúde, nos direitos sociais, descrédito e perseguição à Ciência e a tecnologia de conteúdo nacional, tentativa de eliminação dos direitos dos trabalhadores da Educação, negando formação superior aos ditos menos favorecidos e ainda negando boas oportunidades àqueles que resistem.
Tornou-se urgente o reforço da Educação como direito reconhecido na Declaração dos Direitos Humanos no art. 26, que estabelece a Educação como uma das possibilidades de desenvolvimento pleno da pessoa humana e uma das formas de contribuição e fortalecimento ao reconhecimento dos direitos de liberdades fundamentais. É inegável que todo processo de cura e prevenção passa pela Educação e por todas as suas formas de alcance. Mas a Educação arrasta e sofre todas as mazelas desta crise!
Assim, reforçar a formação de professores como exigência e, além disso, reafirmar a relevância dos formadores de futuros professores passa a ser uma demanda e um apelo efetivo da sociedade atual.
Entretanto, o Brasil, nesses últimos tempos, tem presenciado uma luta paradoxal: de um lado, professores tendo que se reinventar, driblar falta de formação e de recursos para atendimento à necessidade urgente de assumir um ensino híbrido, apropriação de metodologias ativas, e adoção de recursos para manter o interesse e permanência dos alunos nesse contexto adverso, mobilização das famílias para um novo fazer educacional, que responsabiliza ainda mais a família e os alunos. De outro lado, presenciamos, lamentavelmente, uma grande redução de investimentos na Educação, com cortes chegando à casa dos bilhões.
Mas o que seria, então, essa tão falada reinvenção do professor? Seria um repensar da Didática? Nessa perspectiva, a Pedagogia como ciência da Educação encarrega-se da obra educativa. Tem como objeto o fenômeno educativo em todas as suas dimensões. Este fenômeno educativo é dinâmico porque está em constante interação com os diversos outros fenômenos que integram a vida humana, sejam eles, como já citados, econômicos, políticos, sociais.
Dessa feita, não é desesperança, mas sabemos que na atual perspectiva a situação é crítica, e da forma como está podemos até esperar mais cortes na Educação e isto. Sem dúvida, isso irá impactar a ação Educativa de uma forma sem precedentes! Aumentará a falta de ações para o cumprimento do plano nacional de Educação; sem contar o ataque aos direitos trabalhistas dos profissionais da Educação, tão desafiados e cobrados neste momento.
Muito antes desta pandemia, a humanidade já sinalizava a necessidade de mudanças no fazer educacional. A didática carecia de ser mais envolvente! Então, a didática que comumente sempre foi tratada como disciplina meramente de caráter instrumental, diante dessa crise mundial e dos inúmeros apelos a que a Educação foi exposta, se deparou com a necessidade de assumir novos contornos ditados pelas exigências que os processos de ensino para este tempo de distanciamento e crise configuraram.
Ainda neste contexto, os desafios ditados por estas questões emergentes e urgentes explicitam as tecnologias, que apareceram não só como coadjuvantes, mas com o protagonismo de uso como ferramenta em uma modalidade quase que universal e fundamental. Mas e a questão didática disto tudo? Em que bases o ensino será firmado? De que forma acontecerá a aprendizagem? Como serão as formas de interação professor-aluno? De que forma mobilizar e incentivar a participação das famílias e dos responsáveis? Como está a preparação do professor para estas situações tão inusitadas? Repensar essas e outras questões acerca da Educação nas séries iniciais se faz necessário para a busca de soluções, respostas e da reinvenção da Didática, das novas formas de abordagem do professor, visto que a dinâmica de organizar e orientar o ensino, principalmente quando este se dá à distância, através dos meios de comunicação, interfere significativamente na aprendizagem, interesse e no protagonismo do aluno.
A Educação à distância nas séries iniciais precisa promover, apesar do distanciamento físico, a interação, o estímulo, a busca e a construção do conhecimento por parte dos sujeitos envolvidos, no processo ensino-aprendizagem. Segundo (ROMÂO, 2008), a distância na EaD não é caracterizada como abandono ou ausência, pois o que garante a presença é exatamente a qualidade da interlocução, do diálogo e da participação. E isto se dá no nível da organização do ensino, ou seja, na fase do planejamento, quando o Professor faz suas escolhas didáticas.
Dessa forma, o professor precisa substituir os modos de interação tradicionais e passar a utilizar novas ferramentas tecnológicas e procedimentos com o intuito de promover a aquisição de conhecimentos. Essa prática se efetiva através da humanização da relação, o que sinaliza a necessidade de uma abordagem didática motivadora para os alunos, tornando-os protagonistas, ajudando-os a organizar e construir sua própria aprendizagem.
O trabalho do professor, nesse contexto, necessita de uma formação emergencial específica, que promoverá competências necessárias: domínio de conteúdo aplicado, uma desejável experiência na docência presencial, domínio das tecnologias presentes no ambiente virtual e sua utilização como recursos didáticos, tudo isto envolvido em boas proposições ativas.
A interação no ambiente virtual ocupa um lugar de significativa relevância na construção do processo ensino-aprendizagem. À prática pedagógica do professor ficam impostos vários desafios, que precisam ser diariamente perseguidos e vencidos, quais sejam: organização e distribuição do tempo e espaço virtuais, manutenção do interesse do aluno, dificuldades no uso das ferramentas da internet e recursos do AVA (ambiente virtual de aprendizagem), desenvolvimento da autonomia e adoção de estratégias para mobilização de familiares e responsáveis, que, mesmo com limitações, devem estar sempre dedicando tempo e investindo recursos para ajudar na aprendizagem dos filhos. Percebemos, sem dúvida, que já houve avanços positivos na relação entre família e escola durante a pandemia. Assim, a partir de então, a relação entre família e escola tende a ser ampliada, e será uma das heranças pós-pandemia.
A escola já começou a ocupar mais espaços nas residências via internet, WhatsApp, etc., com formas e possibilidades de alcance em um nível de entrosamento jamais experimentado. A cada dia, surgem diante dos professores outros apelos e inúmeras dificuldades que seus alunos e famílias enfrentam no dia a dia. Em contrapartida, os pais estão tendo a oportunidade de aproximação com os professores, conhecendo um pouco mais sobre o trabalho docente, identificando formas e características para valorizar o trabalho dos professores, ao mesmo tempo em que estão reaprendendo a acompanhar de uma maneira mais efetiva a vida escolar e a aprendizagem de seus filhos.
Neste sentido, busca-se fundamento na Constituição Federal de 1988 e na LDBEN nº 9394/96, que postula que Educação é direito de todos e é dever, de forma colaborativa, do Estado e família. Portanto, é uma parceria explícita em lei que reafirma os “princípios de liberdade e os ideais de solidariedade humana”.
Enfim, que esse momento de tantos problemas, mas que tem suscitado tantas reflexões, nos oportunize uma atitude de escuta, que favoreça a construção de um novo olhar e a escolha de caminhos diferentes e criativos, que sejam proveitosos aos sujeitos e atores envolvidos na Educação, para que cumpram seus objetivos de informar e formar de forma intensa, reflexiva e participativa!
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Mirtes querida companheira! Grata pelas palavras por nossos sonhos na Educação! Beijinhos!
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