"Meu pé de manga sapatinha", de Mônica Granja

Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 14. Patrono: Honório Armond 

Meu pé de manga sapatinha

Sim. Plagiei o José Mauro de Vasconcelos. Ele nos deu Meu pé de laranja lima. Quem nunca leu e se emocionou? Revi a obra em filme, mais emoção! Tem no Netflix...

Descobri que, como o Zezé, seu personagem, criei um mundo de fantasia, só meu. E minha melhor amiga era uma grande mangueira. Nela, subi e colhi a mais linda manga sapatinha, que, apertadinha, até ficar macia, era saboreada lá mesmo nas grimpas. Fiz isso até meus 15 anos. Mamãe implorava: “Minha filha, desça daí, pelo amor de Deus!” Desci. Então comecei a namorar. Abandonei a fantasia? Não! Do primeiro namorado, o primeiro beijo, na sala de estar da casa dos meus pais. Não queria nem escovar os dentes no dia seguinte! O vizinho, primeiro amor, foi pro seminário. Como brigar com Jesus Cristo? Chorei! Aceitei! Desisti aos 19. Ocasião em que tive o mais belo sabarense como quase noivo: o que doeu foi o “quase”. Fui traída, no dia do meu aniversário, lá no Farol. Aos 20 comecei um namoro com um cabo da Aeronáutica. Conquistou-me com o tempo. Três anos. No sofá do primeiro beijo, aos 23, concebemos um ser de luz, nosso primogênito. Casamo-nos! Vivemos 17 anos... Mais outro ser de luz, o caçula, chegou em 1983. Fui feliz?! Sim e não! Acabou. Desquite! Divórcio! Mas... no dia 12 de maio de 1990, conheci um príncipe encantado (coisa do meu mundo de fantasia, ainda), gentil, sedutor e... “Dom Juan”. Por um ano, elegi-o, namorado e... tornei-o minha fascinação (aliás, minha música predileta!). Ele? Não sei. Durante todos esses anos, sim, até hoje, tornei-o meu príncipe do cavalo branco. Creio que com exageros e arroubos, tentando mostrar-lhe o que significou para mim. Porém... agora com os cabelos brancos, 70 anos (que não sinto), é hora de colocar mais realidade e rever minhas verdades.

A fantasia ficará para os textos, a escrita. Preciso ser mais realista.

Já não era sem tempo.

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