CONTRUIBUIÇÕES IMORTAIS: "O arranjo como ferramenta pedagógica em grupos musicais amadores", de Lucas Duarte Neves

 O ARRANJO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA EM GRUPOS MUSICAIS AMADORES

LUCAS DUARTE NEVES
Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 4. Patrono: Antônio Pinto Júnior


O ensino de Música possui vertentes tão variadas quanto a quantidade de indivíduos que se interessa em aprender a cantar ou tocar um instrumento. Trabalhando há algum tempo na formação musical de pessoas de várias faixas etárias, com expectativas e desejos muito diversos em relação à Música, percebo que é necessário ter um leque de opções didáticas que abarquem todas as nuances próprias do aprendizado de cada um. Mais especificamente, quando se trabalha com grandes grupos instrumentais e/ou vocais, um dos aspectos mais importantes da condução do aprendizado está no Arranjo musical das peças que são executadas.

A Música Popular Brasileira é reconhecida pela qualidade da produção de seus arranjos. Desde o advento da gravação, no início do século XX, os artistas brasileiros se especializaram em produzir bons arranjos, e a nossa música é reconhecida por ter grandes arranjadores na Música Popular e também grandes nomes na Música de Concerto. Mas, além de uma expressão artística da canção brasileira, o arranjo é uma ferramenta importante para o aprendizado técnico de grupos musicais amadores e, quando o regente/maestro tem uma visão técnica bem definida do grupo que ele conduz, seus arranjos podem fazer a diferença não somente na sonoridade a ser alcançada, mas também na motivação das pessoas para a execução da peça em questão.

Como dito antes, trabalhar com grupos amadores é trabalhar com diferentes expectativas de aprendizado. Nesse ponto, é muito comum que, em orquestras e bandas civis ou escolares, os alunos tenham níveis de aprendizado muito heterogêneos. Esse aspecto é, ao mesmo tempo, interessante, do ponto de vista de que há ali uma pluralidade de experiências musicais, e desafiador, considerando que é necessário manter a motivação de todos para o estudo das peças. Com esse panorama, o arranjo musical deve ser tecnicamente equilibrado, ou seja, desafiador o suficiente para que motive e promova o desenvolvimento dos músicos mais experientes, e idiomático e básico o suficiente para que os mais novatos possam desfrutar da performance de tal peça. Como gerar todo esse equilíbrio? É aí que entra o papel do arranjador/professor/regente.

Além de conhecimentos técnicos de Orquestração, Instrumentação, Harmonia, entre outros, os maestros de grupos amadores devem lidar o tempo inteiro com a motivação e o aprendizado de seus alunos e músicos. Há diversos interesses na prática da música, e o maestro atento promoverá, através dos arranjos musicais, o amálgama desses interesses com o aprimoramento técnico. E isso se inicia desde a escolha do repertório.

Grupos como a Banda, Coral e a Orquestra Santa Cecília aqui da nossa cidade de Sabará possuem uma versatilidade de repertório maior do que se pode imaginar. E na maioria das vezes o link entre o músico e o repertório está no quão ambientado ele está com tal estilo ou gênero de música. As orquestras e corais podem tocar muito mais do que o repertório clássico, sacro e barroco, bem como as bandas de músicas podem levar para seu público algo além das marchas e dobrados desde que os arranjos de tais peças sejam adaptados à realidade e à característica desse grupo. E, por isso, sempre que é possível, além das demandas de Músicas Sacras dos eventos religiosos, aos quais esses grupos são solicitados, sempre se busca realizar arranjos de canções populares, sejam elas brasileiras ou internacionais.

Quando vamos em um concerto ou apresentação de um grupo, estamos assistindo ali não só às escolhas estéticas do regente, mas também aos anseios e interesses artísticos dos músicos envolvidos na performance. Quando esses dois aspectos entram em consonância, o sucesso da performance do grupo e o aprendizado técnico dos músicos estão garantidos!

Além desses pontos, há um conjunto de questões técnicas de composição e arranjos que são inerentes à produção das peças de música a serem ensaiadas, mas o que é primordial é o conhecimento do nível musical de cada pessoa envolvida nesse processo de aprendizado, suas limitações e suas virtudes. Estar ciente de todas essas questões é fator determinante para o sucesso da inclusão de uma obra ao repertório de um grupo musical.

Seguem abaixo alguns links de vídeos dos grupos da Sociedade Musical Santa Cecília de Sabará e da Escola de Música Padre Simões, como exemplos de adaptações do arranjo musical ao nível técnico de cada grupo.










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Comentários

  1. Admirável maestro, sou sua fã demais! Que trabalho bem feito. Vc realmente nasceu com a música! 🎶 🤩

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  2. Conhecer este lugar, "profmaestro", é entender o quanto é realmente desafiador o seu trsbalhos junto a grupos tão diversos! Parabéns pelo belo trabalho! Darsoni

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