APRESENTAÇÃO DO PATRONO DA ACADEMIA DE CIÊNCIAS E LETRAS DE SABARÁ

Fernando de Bulhões era português de família nobre que, em dado momento de sua vida, decide seguir Francisco, que liderava um grupo de frades, dedicando sua vida à caridade. Tamanhos eram sua cultura e conhecimento em diversas áreas que o líder deste grupo passou a chamar-lhe de Antônio, cujo significado é “cheio de valor”.

Antônio tornou-se santo pela sua maneira de viver e de se relacionar intimamente com Deus. E é assim que o mundo inteiro o conhece: Santo Antônio.

Para nós brasileiros, ele é o primeiro santo de devoção nestas terras, pois foi trazido pelos portugueses quando aqui chegaram. E, aqui em Sabará, Santo Antônio marca a chegada do progresso, em 1674, com o Bandeirante Manoel de Borba Gato, que determinou que na paragem da curva do Rio das Velhas fosse erigido um pouso para “descanso” do Santo de devoção portuguesa. E tanto se apaixonou por nós que, até hoje, milhares de pessoas passam pelo local, rogando, agradecendo e se emocionando. Tamanha é relação deste ponto da cidade com o Divino, que ao local valeu a honra de se tornar Santuário Arquidiocesano.

Mas não mais falemos do santo, que todos já conhecem. Falemos do homem, por trás do santo.

Padre Antônio Vieira, grande nome de nossa Literatura, descreve Santo Antônio da seguinte maneira: "O Pai lhe deu o poder, o Filho lhe deu a sabedoria, e o Espírito Santo lhe deu a santidade." Os textos deixados por Frei Antônio eram tão inteligentemente escritos, que atingiam e encantavam a todos os que o ouviam, de maneira que mais tarde, no século XIV, este se tornou um novo estilo literário. Por seu admirável conhecimento em Filosofia, Teologia, Ciência e Oratória, Antônio tinha a habilidade de transferir a beleza dos escritos bíblicos para a linguagem popular, sem dano ao conteúdo teológico e à grandeza dos significados. Antônio dominava a arte de se fazer entender a multidões.

Santo António de Lisboa, ou Santo Antônio de Pádua - como quisermos chamá-lo -, é um homem de cultura literária invulgar e um verdadeiro intelectual da Idade Média. Sua obra escrita é reveladora de uma cultura ímpar, e carrega em si beleza e densidade de pensamento, como nos mostram os seus Sermões, autênticos tesouros da Literatura e da História. Seu conhecimento se estendia às Ciências Naturais e às Humanidades, e também à noções jurídicas de Poder, Direito e Justiça.

A Academia de Ciências e Letras de Sabará não poderia escolher, como patrono, protetor mais influente que nosso querido e erudito Santo Antônio de Roça Grande.