"Quem foi Joe Brainard", de Bernardo Lopes
Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 17. Patrono: Júlio Ribeiro
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QUEM FOI JOE BRAINARD
Plínio, personagem principal do meu novo livro, Canção Lógica, que será lançado no próximo dia 10 de agosto, pode ser considerado uma extrapolação fictícia do que poderia ter sido de mim se, no curso das coisas, eu tivesse tomado decisões que não tomei. Ufa. Ian McEwan diz que “copiar da própria vida pra fazer literatura é trapacear”, mas ele mesmo, tenho certeza, deve ter plantado sementes autobiográficas em seus romances tão variados. Não é que meu protagonista Plínio seja o que eu seria necessariamente se minha vida tivesse tomado outros caminhos; até porque: como a gente saberia o que seria de nós? Assim como filhos, personagens nascem, crescem e desenvolvem vidas próprias. Você, pai, mexe no que pode, mas, no mais, só assiste. Claro, gosto de experimentar elementos da minha trajetória, personalidade; misturar um fato vivido com um fato pensado e usá-los como ponto de partida para histórias novas, que reflitam inquietações, fugas, desejos e temores, não só meus, mas de pessoas ao meu redor, gerações de irmãos, primos e amigos enfrentando os tempos atuais. Porém, mesmo quando se trata de um alter ego, um escritor não cria apenas uma figura que o reflita como um espelho; o personagem deixa de ser um mero reflexo e, quando a gente assusta, desenvolveu seus próprios contornos bem particulares. (E isso é mágico.)
Veja
só o Plínio: Formado (como eu) em Letras, ele se dedicou em sua pesquisa ao
estudo da literatura indígena norte-americana (caminho que eu quase tomei após
ler Uma Narrativa do Cativeiro e Restauração da Sra. Mary Rowlandson[1]);
hoje, ele tira sua renda principal de traduções para o mercado editorial (eu
dou aulas de inglês); e acaba de ganhar um grande prêmio literário em Portugal
(quem me dera). Panos de fundo parecidos, mas atualidades bem diferentes, y
otras cositas más. E, embora minha versão real também tenha lá sua parcela
bem generosa de vacilos e bolas-fora, a Plínio e aos meus outros personagens eu
deixo as decisões mais erradas — e aí eles que sofram as consequências,
me poupando disso.
A
questão é que, pra compor o arco dramático de Plínio, precisei revisitar meus
estudos antigos da cultura e expressão literária dos povos indígenas dos
Estados Unidos. Se Plínio tinha seguido esse caminho na faculdade, eu precisava
conhecer um bocado dele também, pra construir meu protagonista. E, grata
surpresa, descobri uma série de TV recente, que é um verdadeiro achado em
vários aspectos: Reservation Dogs. Ela é curta, divertida, bem escrita,
com atuações brilhantes, e segue a trajetória de quatro amigos adolescentes nativos
de uma reserva indígena norte-americana no estado de Oklahoma. Elora, Bear,
Willie e Cheese são quatro jovens que, assim como muitos nós que moramos em
cidades pequenas, sonham “em sair daqui e ganhar o mundo” — ambição que vem
acoplada ao medo de que o lugar em que nascemos nos impeça de realizar nossos
sonhos. (Inclusive, sofro desse receio também, assim como o próprio Plínio, mas
isso você vai descobrir lendo Canção Lógica mês que vem.)
A maior parte do elenco é composta por pessoas indígenas.
Reservation
Dogs[2], que se encerrou em 2023
com apenas três temporadas, se tornou uma agradável fonte de pesquisa informal
e de informação cultural para meu propósito. Num de seus últimos episódios, a
figura mitológica da Dama Cervo, personagem eventual da série, bate um papo com
o garoto indígena Bear numa lanchonete de beira de estrada. Quando eles se
encontram, ela está lendo um livro com uma característica curiosa: em suas
páginas se espalham frases rápidas e espaçadas entre si, mais como se fossem
notas digitadas. Numa pesquisa rápida e desesperada daqueles que amam
literatura, descobri ser um livro de Joe Brainard, artista de quem eu nunca
tinha ouvido falar, também nascido em Oklahoma, onde o seriado de TV se passa.
lendo o livro Eu me lembro, de Joe Brainard.
E
que outra surpresa boa foi descobrir este homem. E, mais especificamente, este
livro: Eu me lembro (I Remember, no original), uma coleção de
recordações simples, diretas, memórias pessoais listadas
sem ordem cronológica, sem muitas explicações, mas de forma estranhamente poética, oferecendo um
vislumbre invejável (você entenderá por que) da vida e das experiências de Joe Brainard. Joe
nasceu em 1942, e faleceu em 1994. Neste livro de memórias experimental, através
de método brilhantemente simples de autobiografia, seus registros cobrem sua
infância nas décadas de 1940 e 1950 em Oklahoma, bem como sua vida nas décadas
de 1960 e 1970 na cidade de Nova York. Todos esses fragmentos memorados, numa
espécie leve de fluxo de consciência, são prefixados com a frase “Eu me lembro”,
que se torna uma espécie de “refrão” ou “mote” que encabeça cada lembrança.
Veja
só algumas delas:
Eu me lembro da primeira vez que
recebi uma carta que dizia “Depois de cinco dias, retornar para” no envelope, e
pensei que, depois de guardar a carta por cinco dias, deveria devolvê-la ao
remetente.
Eu me lembro da euforia que costumava
me dar ao vasculhar as gavetas dos meus pais em busca de camisinhas. (Da marca
Peacock.)
Eu me lembro de quando a poliomielite
era a pior coisa do mundo.
Eu me lembro de camisas sociais rosa.
E gravatas de bolinha.
Eu me lembro de quando uma criança me
disse que aquelas folhas azedas parecidas com trevos que costumávamos comer
(com florzinhas amarelas) tinham aquele gosto azedinho porque os cachorros
faziam xixi nelas. Lembro que isso não me impedia de comê-las.
Eu me lembro do primeiro desenho que
me lembro de ter feito. Era de uma noiva com uma cauda muito longa.
Eu me lembro do meu primeiro cigarro.
Era um Kent. No alto de uma colina. Em Tulsa, Oklahoma. Com Ron Padgett.
Eu me lembro das minhas primeiras
ereções. Eu achei que tinha alguma doença terrível ou algo assim.
Eu me lembro da única vez que vi
minha mãe chorar. Eu estava comendo torta de damasco.
Eu me lembro do quanto chorei vendo South Pacific
(o filme) três vezes.
Eu me lembro de como um copo de água
pode ficar gostoso depois de umas colheradas de sorvete.
Eu me lembro de quando ganhei um
distintivo de cinco anos por não perder uma única manhã de Catecismo durante
cinco anos. (Metodista.)
Eu me lembro de uma das primeiras
coisas de que me lembro. Uma caixa térmica para gelo. (Em vez de uma
geladeira.)
Eu me lembro do quanto eu gaguejava.
Eu me lembro do quanto, no ensino
médio, eu queria ser bonito e popular.
Eu me lembro de quando, no ensino
médio, eu enfiava uma meia na cueca.
Eu me lembro de quando decidi ser
pastor. Não me lembro de quando decidi não ser.
Eu me lembro da primeira vez que vi
televisão. Lucille Ball estava tendo aulas de balé.
Eu me lembro do dia em que John
Kennedy foi baleado.
Eu me lembro da professora de bridge
dos meus pais. Ela era muito corpulenta e muito masculina (cabelo curto) e
fumava um cigarro atrás do outro. Ela se orgulhava de não precisar andar com
fósforos. Ela acendia cada cigarro novo no anterior. Ela morava em uma casinha
atrás de um restaurante e viveu até muito velha.
Eu me lembro de um sonho que tive
recentemente, onde John Ashbery disse que minhas pinturas do período Mondrian
eram ainda melhores que as de Mondrian.
Eu me lembro de um sonho que tive
muitas vezes em que era capaz de voar. (Sem avião.)
Eu me lembro de muitos sonhos em que
eu encontrava ouro e joias.
Eu me lembro do garotinho de quem eu
cuidava depois da escola enquanto a mãe trabalhava. Eu me lembro de como era
divertido puni-lo quando ele fazia algo de errado.
Eu me lembro do professor de história
americana que sempre dizia que ia pular da janela se a gente não ficasse
quieto. (Segundo andar.)
Eu me lembro da primeira vez que
fiquei realmente bêbado.
Eu me lembro de brincar de “médico”
no armário.
Eu me lembro de ter planejado
arrancar a página 48 de cada livro que eu lia na biblioteca pública de Boston,
mas de logo perder o interesse.
Eu me lembro de quando meu pai dizia
“Tire as mãos de debaixo das cobertas” ao me dar boa-noite na hora de dormir.
Mas ele dizia isso de uma maneira gentil.
Eu me lembro de um raio.
Eu me lembro de jogar meus óculos no
mar perto da balsa de Staten Island, numa noite negra, em um ataque de drama e
depressão.
Eu me lembro de um dia muito quente
em que coloquei cubos de gelo no meu aquário e todos os peixes morreram.
Eu me lembro de uma vez ter examinado
de perto a abertura na cabeça do meu pinto e de como ela me lembrava a boca de
um peixinho dourado.
Eu me lembro de quando pensava que,
se você fizesse alguma coisa de errado, um policial iria colocá-lo na cadeia.
Eu me lembro daqueles momentos em
festas quando você já disse tudo o que podia pensar em dizer a uma pessoa, e lá
estão vocês dois de pé um do lado do outro.
Eu me lembro de sonhos em que andava
pela rua e de repente percebia que estava sem roupa.
Eu me lembro de espirrar na minha mão
em público e depois o problema que era o que fazer com a coisa.
As
memórias não perdem tempo julgando ninguém; tampouco há resquícios de
autocomiseração. Alguns temas aparecem mais de uma vez, com Joe ocasionalmente
se detendo neles por um tempo, depois os largando, para mais tarde retornarem.
Mas nada, nunca parece repetitivo — tudo é fluido e renovável como águas num
moinho.
Pesquisando
mais sobre Joe Brainard no YouTube, descobri que ele foi um artista visual de
produção extensa e escritor somente ocasional, que influenciou e ainda hoje
influencia artistas de vários ramos. Descobri também que há um curta metragem
baseado em algumas dessas memórias de seu livro; o filme teve como produtor
executivo Paul Auster, ilustre escritor americano falecido em abril deste ano,
marido de uma das escritoras do meu coração, Siri Hustvedt. Enfim — cada vez
fica mais claro pra mim que tudo de bom no mundo da arte está de alguma forma conectado e que a
literatura é um diálogo entre os grandes livros e autores, às vezes
despercebido, como as raízes de uma árvore sob o solo. (O sentimento que fica é
o de serendipidade, como Ana Maria Gonçalves muito bem descreve no prólogo
de seu Um defeito de cor[3].)
O filme I remember foi dirigido por Avi Zev Weider e estreou em 1998 no
Festival Sundace de Cinema. Está disponível no YouTube e tem só 17 minutos.
Como professor, acho que alcancei o feito de
fazer com que alguns alunos da Oficina de Escrita Literária da Borrachalioteca se
apaixonassem por Eu me lembro também. E contei a eles que o estilo de
Joe de escrever memória foi e ainda é muito reproduzido por aí. O mais
conhecido dos casos é o do escritor francês Georges Perec, Je Me Souviens[4],
lançado em 1978, oito anos depois do de Joe Brainard. Perec manteve a ideia do
título original e dedicou a obra ao americano. Já a escritora mexicana Margo
Glantz lançou o seu em 2014, chamado Yo también me acuerdo. Convidei
meus alunos a entrar no clima e a reproduzir o estilo com suas próprias lembranças:
é essa a sensação que Joe deixa, de que todos podem se juntar a ele. Alguns dos
alunos foram além e quebraram o padrão do refrão “Eu me lembro...” da obra de
origem. Por exemplo, um deles começou as frases com “Não sai da memória...”, enquanto
outro encetou sua lista de recordações de um jeitinho diferente: “Eu me
lembro... péra lá... acho que me lembro... ou melhor, deixa para lá.” Não me
lembro de ter lido um só trabalho ruim. Foi uma experiência incrível.
e suas datas de lançamento.
Em
2013, todos os trabalhos escritos de Joe Brainard foram reunidos e lançados
numa só coletânea. Quem escreveu a introdução foi Paul Auster, que mencionei
acima. Paul nos apresenta ali uma lista com todos os múltiplos temas abordados
por Joe em Eu me lembro: família, comida, roupas, filmes, estrelas de
cinema, TV e música pop, escola e igreja, o corpo, sonhos, devaneios e
fantasias (frequentemente, referentes a sexo), datas comemorativas, objetos e
produtos, sexo, piadas e expressões populares, amigos e conhecidos, “causos”
que lhe aconteceram, insights e confissões, e reflexões sobre a vida. Uma
das virtudes do livro, nos diz Paul, é “residir, com grande foco, nos detalhes
sensoriais da vida somática (a sensação de ter seu cabelo cortado numa
barbearia, a sensação de ‘girar e girar super-rápido até você não conseguir
mais ficar de pé’, ouvir a água mexendo pra lá e pra cá dentro do seu estômago
e achar que você tem um tumor)”, e coisas do tipo, de uma delicadeza sensorial encantadoramente descrita em palavras. Por outro
lado, somos também alertados sobre
as coisas que Joe não menciona temas que a maioria de nós provavelmente
listaria: não há referência a brigas entre irmãos, nem cenas de crueldade ou de
violência física, nenhum senso de vingança, nada de comentários ácidos ou
registros de amargura, nem coisas como rompantes de raiva (exceto pela
lembrança de jogar os óculos no mar quando estava deprimido e do assassinato de
J. F. Kennedy.)
Joe
ainda é cultuado por seu trabalho diversificado e inovador em outras áreas, que
passa de montagens e colagens até desenhos e pinturas. Fez capas de álbuns, de
livros, trabalhou com figurinos e cenários teatrais. O escritor Edmund White, seu
conhecido próximo, disse em entrevista durante a pandemia à Library of America
que Joe Brainard era “o oposto de pretencioso”, apesar de suas vastas
habilidades artística e da renovação que ele trouxe ao gênero literário de
memória. E contou a curiosidade de que Joe tinha um sério problema em soletrar
palavras; “cometia milhões de erros, mas não creio que tivesse vontade de corrigir
isso, porque ele transformou sua maneira de escrever em uma nova forma de fazer
arte”. O poeta e crítico Geoffrey O’Brien, em 2023, reforçou para a revista New
York Review of Books que Eu me lembro revelou Joe Brainard como o
inventor de uma nova espécie de livro, ainda muito utilizada como ponto de
partida para escritores e professores, não só no ofício literário, mas também oficinas
de escrita.
A
primeira publicação de Eu me lembro em 1970 ganhou “sequências”: Joe
publicou Eu me lembro mais (I remember more) em 1972, Mais eu
me lembro mais (More I remember more) em 1973, e, mais tarde naquele
mesmo ano, Eu me lembro do Natal (I remember Christmas), um compilado
singelo só de memórias natalinas. Depois, em 1975, uma editora juntou todos
esses volumes num só e publicou-o sob o título original e abrangente Eu me
lembro.
Mais
um pouquinho pra gente:
Eu me lembro de me perguntar se garotas também
peidam.
Eu me lembro de depois de abrir os presentes quão
vazio o dia de Natal é.
Eu me lembro de como eu nunca chorava na frente
de outras pessoas.
Eu me lembro de quando chamar meu pai de “pai”
soava formal demais, e “papai” estava fora de questão, e “paiê” era de uma
casualidade falsa excessiva. Mas, o menor de três males, escolhi o
casual-falso.
Ainda
na introdução que escreveu para a coletânea de escritos de Joe, Paul Auster
declarou que Eu me lembro é uma obra-prima: “Um por um, os chamados
livros importantes do nosso tempo serão esquecidos, mas a pequena joia modesta
de Joe Brainard perdurará. Em frases simples, diretas e declarativas, ele traça
o mapa da alma humana e altera permanentemente a forma como olhamos o mundo. Eu
me lembro é extremamente engraçado e profundamente comovente. É também um
dos poucos livros totalmente originais que já li.”
Numa
carta à poeta Anne Waldman, Joe descreveu o processo de construção: “Estou
muito, muito entusiasmado esses dias com uma coisa que na qual ainda estou trabalhando chamada Eu me lembro. Estou me sentindo muito como
Deus escrevendo a Bíblia. Quer dizer, minha sensação é de que não estou
realmente escrevendo o livro, mas que é por minha causa que ele está sendo
escrito. Eu também sinto que ele é tanto sobre todo mundo quanto sobre mim. E
isso me agrada. Quero dizer, fico com a sensação de que sou todo mundo. E é uma
sensação boa. Não vai durar. Mas estou aproveitando a sensação enquanto posso.”
É
a habilidade de “transcender o puramente íntimo e pessoal até um trabalho que é
sobre todo mundo — da mesma forma que todas os grandes romances são
sobre todo mundo”, como diz Paul, e sua viúva, Siri, também deixou um parecer em
seu delicioso livro A Mulher Trêmula: “Joe Brainard descobriu a máquina
de memória.”
Paul
Auster nos deixa então um convite: para nos deixarmos levar pelo legado de Joe,
o jeito tão brilhantemente simples de registrar suas mais variadas lembranças. Querido leitor, anote
sua lição: “Escreva as palavras Eu me lembro, pause por um momentinho,
dê à sua mente a chance de se abrir, e inevitavelmente você vai se
lembrar, e se lembrar com uma clareza e uma especificidade que vão te
espantar.”
Eu
já comecei as minhas.
Agora, só falta você.
Nota do autor: Os trechos que
apresentei de exemplo são traduções minhas. Eu me lembro ainda não foi lançado
para nós no Brasil. A única maneira de encontrá-lo na nossa língua é em
português de Portugal, numa edição da Editora Cutelo. O volume inclui,
juntinhos, o Eu me lembro de Joe Brainard e o de Georges Perec (com
tradução de André Marques e de Diogo Paiva, respectivamente). Quem faz a venda
é a Livraria Aberta, da cidade de Porto. O título em Portugal é Lembro-me.)
Bibliografia:
AUSTER, Paul
“Introduction”, in: Brainard, Joe. The Collected
Writings of Joe Brainard: A Library of America Special Publication. Cidade
de Nova York: Library of America, 2013.
Brainard,
Joe. I Remember. Cidade de Nova York: Granary Books, 2001.
HUSTVEDT, Siri. A Mulher
Trêmula. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2011.
LIBRARY OF AMERICA. “Edmund White remembers Joe Brainard: “He was the
opposite of pretentious”. YouTube, 27 de jul. de 2022.
Miller,
Andrew H. “B-Sides: Joe Brainard’s I Remember”. Public Books, 2019. Disponível em: https://www.publicbooks.org/b-sides-joe-brainards-i-remember/
Acesso em: 2 de jul. de 2024.
[1] Considerado o primeiro best-seller da cultura norte-americana, este é um exemplo clássico de narrativa de cativeiro (ou captivity genre), uma espécie de gênero literário da era colonial dos Estados Unidos. Publicado em 1682, Uma Narrativa do Cativeiro e Restauração da Sra. Mary Rowlandson narra momentos sangrentos dos conflitos entre os povos originários e os brancos de ascendência europeia pelas terras indígenas, invadidas pelos ingleses, na região que viria a se tornar a Nova Inglaterra (por exemplo, os arredores de Boston, no estado americano de Massachussets). A Sra. Mary Rowlandson foi uma colona inglesa, casada e com filhos, capturada em 1676 em um ataque durante a Guerra do Rei Felipe (indígenas versus colonos). Foi mantida refém por nativos por quase 12 semanas, e, seis anos após, publicou seu relato como uma história de provação divina e fé cristã — e, devido a isso, tem como título alternativo A Soberania e Bondade de Deus.
[2] O
título faz referência ao primeiro filme de Quentin Tarantino, Cães de
Aluguel (Reservoir Dogs, no original), de 1992.
[3]
Ana muito apropriadamente cita também Joseph Henry: “As sementes da descoberta flutuam
constantemente à nossa volta, mas só lançam raízes nas mentes bem-preparadas
para recebê-las.”
[4]
Perec tem bastantes livros publicados aqui no Brasil, inclusive por editoras
grandes como a Cia. das Letras. Destaque para A vida: modo de usar e A
arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento, este último
traduzido por Bernardo Carvalho. Uma tradução para o português seu Eu me
lembre também, infelizmente, nunca deu as caras. Je Me Souviens
ainda não foi traduzido para o português.
Querido leitor, assine seus comentários!
Eu me lembro de quando me tornei amiga desta pessoa incrível que é VOCÊ!
ResponderExcluirQue maneira mais gostosa você tem de escrever, é uma viagem!
Obrigada.
Selma
Obrigado, Selminha! Eu me lembro muito bem, também, e é uma felicidade pra mim. Obrigado pela leitura e carinho.
ExcluirAcabei de me lembrar que no próximo dia 10 de agosto, estarei presente no lançamento do livro "Canção Lógica " deste querido escritor, primo ,amigo que me encanta mais a cada dia com a sua leveza e talento. Estupendo!
ResponderExcluirParabéns, Bê!
Ana Paula Cruz
Disso a gente não pode esquecer! Também te amo, Ana, obrigado pela presença, pelo carinho e leitura!
ExcluirDelicia ler seus textos!!! Ele nos faz lembrar do quanto é bom te ler!! Beijo querido!! Cacau
ResponderExcluirMuito obrigado pela leitura e carinho, Cacau!
ExcluirLá vem o Bernardo nos encantar com a profundidade simples de sua literatura. Penso que Sabará aí da será lembrada como a terra do escritor Bernardo Lopes.
ResponderExcluirGrande Bernardo!
Silas
Receber esse elogio de você, que é um mestre e com quem aprendo tanto, é de uma felicidade e honras únicas, Silas! Obrigado pelo carinho e leitura.
ExcluirTexto primoroso repleto de curiosidades e um trabalho de pesquisa belíssimo.
ResponderExcluirObrigado, querido leitor anônimo, pela leitura e carinho!
ExcluirEu me lembro que quando iniciei o curso de inglês, e vc era o meu professor. E adorei! Texto muito curioso e lindo! Parabéns!!! Darsoni
ResponderExcluirObrigado, Darsoni! Eu me lembro muito bem também! E é uma honra hoje estarmos juntos. Um abraço!
ExcluirA Borrachalioteca ampliou o nosso olhar quando nos apresentou ao professor, escritor, acadêmico e agente cultural Bernardo. Foi pura serendipidade(pesquisei no dicionário no mínimo 3 x). Mais do que mero acaso para quem não conhecia mas com certeza uma escolha sábia.
ResponderExcluirEste pesquisador e leitor atual nos faz renovar e ficar atentas. Nos mostra que a inteligência associada a humanidade pode ser fluída( ...mais um pouquinho pra gente...) e também quando nos traz Joe Brainard.
Este criativo artista visual e escritor me lembrou de Ferreira Gullar(poeta e artista plástico) e de Bob Dylan(poeta, musicista e artista plástico) nas suas escolhas. E como é possível expressar através de diferentes linguagens.
Joe Brainard optou pela leveza e até certa praticidade ao colocar suas ideias. Muito de acordo com o nosso tempo de pressas nas redes sociais.
Bernardo assim como Joe Brainard se expõe e mostra que a escrita não precisa ser algo alcançável só por intelectuais ou leitores assíduos. Eles convidam leitores a conhecer Plínio, Joe e a si mesmos.
Que lindo retorno, Silvana! Obrigado. Você disse coisas lindas que quero guardar. E, de fato, não tinha pensado nessa questão sobre o quanto o estilo de Joe em "Eu me lembro" está de acordo com os tempos atuais, de agilidade. Parabéns pelo seu empenho e evolução durante a Oficina, me orgulho muito de você e sou muito grato a ter você como aluna. Um abraço!
ExcluirObrigada, professor.
ExcluirSobre "copiar da própria vida para fazer literatura é trapacear"
ResponderExcluirAprendendo sempre.
"... você, pai..."
Bernardo sendo homem optou por "pai" "amigos" e outros. Nós, mulheres, temos que nos virar, às vezes, com a questão do machismo pois feministas em luta por mudanças.
Só mais uma coisa. Você estaria justificando as suas opções na Canção Lógica quando fala de você e Plínio. Quem precisa disto? O escritor ou quem vai ler? Eu vi também como um convite a leitura.
Silvana, e menciono a fala de Ian McEwan sobre "copiar da própria vida para fazer literatura é trapacear", mas não concordo de todo; acho que é, sim, importante e interessante que nós escritores exploremos para além de nossa vivência — é um processo delicioso, inclusive, mergulhar no estudo de algum tema que foge ao nosso dia a dia pra compor uma trama ou um personagem. Mas também acho riquíssimo o trazer de nossas vidas e transformar experiências, personalidade e reflexões presentes em boa substância para a ficção. Quanto ao termo "pai", eu quis dizer inclusive o substantivo neutro que abarca tanto "o pai" quanto "a mãe" — o singular de pais. Não me referia apenas aos homens. E, quanto à justificativa, sinto que ninguém realmente "precisa" disso, nem o escritor nem o leitor. Mas eu optei por fazer isso, aqui, justamente para trazermos para debate a dificuldade que alguns leitores têm de separar a narrativa da vida privado do autor (debate acadêmico antigo, inclusive; veja "A morte do autor", de Barthes). Mas Andy Warhol tem uma fala maravilhosa: “Não pense em fazer arte, apenas faça. Deixe que todos decidam se é bom ou ruim, se amam ou odeiam. Enquanto eles decidem, faça ainda mais arte.”
ExcluirObrigada, professor.
ExcluirTexto espetacular! Que prazer participar da oficina de produção criativa, tendo você como orientador, professor e incentivador. Parabéns!
ResponderExcluirGratidão! Quando crescer quero ser igual você!kkkk
Obrigado, Vivi, também estou muito feliz e grato pela sua presença!
ExcluirDa atividade da Oficina nunca vou me esquecer, agora com a sua bela resenha, menos ainda...
ResponderExcluirDjalma Santiago
Obrigado pelo carinho e leitura, Djalma!
ExcluirBenny, é fascinante, de fato, como a personagem adquire um discurso próprio, e passa, ela mesma, a dialogar com o autor. Parabéns pelo brilhante artigo! Obrigada por nos enriquecer com essa pitada de literatura do mundo. Abraço, Isabella Menezes
ResponderExcluirObrigado a você, Bellinha, pela companhia e pela leitura! Aprendo e aprendi muito com você. Abraços!
ExcluirAcabei de me lembrar que devo seguir de perto o Bernardo pra aprender a escrever alguma coisinha, porque quando a gente começa a achar que está indo bem, ele vem com um texto desses… devia vir também com uma faixa grátis pra gente segurar o queixo caído.
ResponderExcluirParabéns, Bernardo!
Marlon
Marlon, querido! Obrigado pelas palavras carinhosas!
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