CONTRIBUIÇÕES IMORTAIS: "Nos territórios da emancipação dos desejos", de Sofia

NOS TERRITÓRIOS DA EMANCIPAÇÃO DOS DESEJOS

SOFIA 

Membro-fundador da Academia de Ciências e Letras de Sabará
Cadeira 9. Patrono: Carmen de Melo

Nos territórios da emancipação dos desejos, 

quem tem privilégio

priva.

Ao formar o uno-conjunto coletivo do suspirO.

Destinado a andar na espreita, 

aquela pessoa, que não possui a insígnia reluzente 

registrada e autenticada nas instâncias legítimas

da propriedade privadona e nada proibidona;

torna-se melhor companheira das sombras.

Inicia-se uma trilha.

Forma-se uma (re)existência.

A rarefação é tanta,

que o hábito de não ser visto 

se torna (re)existência.

Nos territórios da emancipação dos desejos 

quem tem privilégiO

priva.

Priv(A)dor, se deleita.

A imagem retinta não existe,

de mãos dadas, acordadas,

Quentinhas e bailantes, 

junta à insígnia.

Também não mais existente,

e não aguentando mais resistir:

A Imagem ameríndia, afro-latina;

A imagem mulher;

A imagem criança abusada;

A imagem macho-sem casco e sem asco;

A imagem transvestida;

sem rota, prostituída e assassinada na rítmica algorítmica da balada de Gisberta;

A imagem ativista em defesa da obviedade da imanência da

floresta trans(E híbrida E pessoa E espírito)amazônica…;

Também não. 

Falta ar.

Falta fôlego.

Falta comida.

Falta afeto.

Falta serra, fauna com flora.

Falta presença em espírito. 

Falta calma-descritiva e palavra.

Falta descanso na garganta e no dedo seco.

O fogo arde a vista que arde a penumbra.

Há muita gente na sombra.

A trilha de desvio habitou-se e virou realidade.

Sobra aço ou 

plástico? 

Sobra ouro,

mercúrio, garimpo,

facão e bala.

Sobra minério, poeira,

buraco na estrada.

Sobra rejeito.

Sobra barragem,

e moralismo mineiro.

Sobram corpos sumidos e refugiados.

Sobram polarização, dicotomia e a miragem de terceira via 

nos fios aéreos da comunicação.

Dentre tantas faltas e sobras, a coragem anda às avessas? 

~

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