PATRONO: "O Meu Sabará-buçu", poema de Zé Patrício
O MEU SABARÁ-BUÇU
DR. JOSÉ DE FIGUEIREDO SILVA, O ZÉ PATRÍCIO
Advogado, poeta satírico e cronista sabarense. Patrono da Cadeira 16 da Academia de Ciências e Letras de Sabará, ocupada pelo agitador cultural na área do livro, leitura, Literatura e biblioteca, curador da Flis - Festa Literária de Sabará (FLIS), idealizador da Borrachalioteca, da Sala Son Salvador e da Borrachalioteca Sobre Rodas, Túlio Damascena.
PATRÍCIO, José. “Sabarabuçu”.
Belo Horizonte: Comunicação Editores. 1979. P.18-21
DR. JOSÉ DE FIGUEIREDO SILVA, O ZÉ PATRÍCIO
Nada de
egrégios desembargadores,
Alguns dos
quais tão só repetidores
De
sovadíssimos arestos
Indigestos.
Nada de
clientes
Insolentes
(desses que
dizem “vou meter os peito”),
Proprietários
da ciência e da arte do Direito,
Mas que, em
linguagem do “Repórter Esso”,
Confundem
golpe-baixo com Processo
E honorário
com salário.
Nada de
redações de imprensa, em que a mistura
Do estilo
fofo e da matéria impura
Dos
cronistas sociais
Transformou
os jornais
Em guia-açu
de randevu.
Nada de
circular, ofício, portaria
Da
inspetoria
Do ensino
secundário
Me
atravancado este cenário.
Nada de
sabarenses novos-ricos,
Puxa-sacos,
pedantes (tico-ticos
Disputando
restolhos de fubá),
Pois,
afinal, o nobre Sabará
Foi desde o
início um bravo clã de machos,
De onde
partiram os primitivos fachos
Que
iluminaram as gentes das Gerais
Para as
conquistas espirituais:
A língua, a liberdade
democrática,
As artes, a
ciência, a matemática,
A decência
política, o decoro
Do próprio
caos histórico do foro.
Não me amolem agora.
Por ora,
O coração
tranquilo e frio,
Desejo ficar
só, olhando este meu rio
Sob cujo
acalanto
Sacrossanto
Viveu a
minha infância.
Quero viver
a insignificância
Dos tempos e
das coisas e da vida,
Sentindo na
memória a arremetida
Dos pré-avós
de casacão de couro,
Que, muito
mais do que o ouro,
E cônica do
estouro
Que, no mil
e seiscentos e setenta,
Essa mescla
falante e turbulenta,
Sem endereço
conhecido e certo
Plantou
neste verdíssimo deserto.
Pelas chagas
de Cristo,
Me dêem ao
isto!
ab
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Maravilhoso !!! Esse meu avô querido tinha o dom da palavra !!
ResponderExcluirIncrível sentir esse olhar das bases de nossa história permeada à beira do rio... Glaura
ResponderExcluirPessoas que amaram Sabará, de verdade!!!!🙏👏👏👏👏
ResponderExcluirFantástico!
ResponderExcluirSelma
É de tirar o fôlego! Um texto muitíssimo atemporal!
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